quarta-feira, 23 de maio de 2012
A fonte não pode ser descartada por ser criminosa, avalia jornalista italiano
O jornalista italiano Paolo Mieli foi um dos participantes do
debate “O papel das novas mídias no fortalecimento da liberdade de
imprensa”. Também estavam presentes os
colunistas de O Globo, Flávia Oliveira e Ancelmo Góis, que mediaram o
evento na sede do veículo.
Convidado pelo Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro em
colaboração com a Associação Cultural Anita Garibaldi, Mieli foi
categórico ao falar sobre a legitimidade do contato de repórteres e
fontes. Ele declara que não cabe ao jornalista discriminar fontes -
mesmo que seja "criminosa" - e que não se deve impor obstáculos na busca
por informação, desde que a imprensa não passe a servir aos interesses
destas fontes, que obviamente, dirão o que as convém.
O momento da realização do evento de O Globo é pertinente, depois de
boatos envolvendo a relação do redator-chefe da Veja em Brasília,
Policarpo Junior, e o contraventor Carlinhos Cachoeira. Revistas, blogs e
a TV Record chegaram a pôr em xeque a ética do jornalista da Editora
Abril por “supostas” 200 ligações trocadas com o “bicheiro”. Os
telefonemas caíram para dois e os delegados da Polícia Federal ouvidos
na CPMI do Cachoeira disseram que o envolvimento entre os dois não
passou de “jornalista com sua fonte”.
Numa fase em que há inúmeras explosões de casos de corrupção e escândalos sexuais, os poderes políticos reagem pedindo restrições das leis de liberdade de imprensa, avalia o italiano. Mieli, que é especialista em estudos sobre a liberdade de imprensa e diretor da editora RCS Libri Spa, afirma que “as leis que poderiam limitar a publicação de dados no impresso funcionariam apenas como uma barragem para o oceano que representa da internet”.
Ainda sobre a disseminação de informações na web, o jornalista ressalta aspectos importantes do jornalismo tradicional, como a hierarquização das notícias e a simplificação da mensagem. Ele diz que a internet é um meio de informações fragmentadas e que “sem a hierarquização da notícia, você se perde. E como um mar de dados é muito fácil esconder informações”.
Ao analisar as novas mídias de um ponto de vista político, o italiano reconhece a eficácia na rapidez da difusão de temas diversos, mas também o fato de que estas mídias se tornam nulas no momento em que é necessário parar para refletir. “É possível fazer explodir uma questão, mas não lidam com o comportamento de longo prazo, de longa duração.”
O jornalista, que já dirigiu o Corriere della Sera e o La Stampa, acredita que no futuro o jornal impresso será algo mais elitista. “Uma parte da população encontrará seu status nisso. Abrir um jornal significa dedicar um tempo à informação”.
Fonte: Comunique-se, por Jacqueline Patrocinio
Temos como intuito postar notícias relevantes que foram divulgadas pela mídia e são de interesse do curso abordado neste blog. E por isso esta matéria foi retirada na íntegra da fonte acima citada, portanto, pertencem a ela todos os créditos autorais.
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